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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

“Nas grades da Liberdade” – da escuridão à luz


    “Nas grades da liberdade”, a antologia poética de Ângelo Fitas inserida na obra Palavras Nossas (2011), distingue-se pela forma introspetiva e catártica com que o eu poético se refere a um percurso que o conduz da escuridão à luz, tornando-se esta dicotomia o seu aspeto mais flagrante. Como se fizesse uma pausa na sua existência, o eu detém-se no presente para repensar o passado e dar ao futuro um novo rumo: «[…] Nasceu a luz do dia e felizmente / Minha alma de novo se iluminou / Ao ver que a vida é bem diferente / Daquela que a noite me mostrou» (“De bar em bar”).

    Da poesia de Ângelo Fitas transparece um profundo sentimento humanitário, atento e denunciador das desigualdades sociais, assim como das limitações que a vivência da marginalidade acarreta para a fruição plena da vida em sociedade. Desta forma, podemos afirmar que o autor assume o compromisso heroico da luta pelo bem comum, numa voz clara, despida de retórica, sensível e direta. Ecoam nestes poemas vestígios da tradição poética portuguesa, em que é possível identificar o tom de denúncia e – por vezes – irónico de António Aleixo e a cadência camoniana da palavra amorosa.

    Uma experiência de leitura enriquecedora pela realidade que desnuda e pelas questões que desperta!



                                                                                                                                 Catarina Teixeira