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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Amar é...

... libertar o nosso pássaro favorito, deixá-lo abrir as asas e voar.

sábado, 6 de agosto de 2011

Floresta

Querida Berta:

   De novo no refúgio do bosque. Aqui estou, na minha clareira preferida, na minha cabana de madeira, cheia de frestas por onde passam a luz, o vento, o sol e a chuva. Deixo a porta aberta e concentro-me na quietude deste recanto, para onde preciso de voltar sempre que a civilização me sufoca. Quem diz a civilização, diz os homens, as pessoas, o cansaço que se acumula na alma dia após dia, como uma muralha de lama que se sedimenta e nos limita o ser.

   Com as mãos quietas, sento-me virada para o exterior. Sinto o chão de terra batida, o colo da terra, o afago da natureza que me acolhe de braços abertos, curando-me as feridas do peito e a névoa que me oculta o brilho dos olhos. Ouço os pássaros e respiro a floresta - as árvores que me protegem, os chilreios que ecoam na profundeza da tranquilidade que me circunda. O tempo parou. Nem sei que horas são. Não quero saber que dia é. O tempo é uma invenção dos homens, uma convenção que nos distancia de nós próprios. Retorno aos primórdios da existência, deixo-me embalar pelo canto da terra, que me segreda sonhos tranquilos por debaixo da enxerga simples em que repouso quando a lua já vai alta.

   Não penso em nada, a não ser no aqui e no agora. Sinto-me segura, protegida como um velho druida que confia nas forças superiores do invisível. Nada de mal me pode acontecer aqui. Dirijo as minhas preces para os que caminham, apressados, sem destino.

  Uma cabana e uma floresta. Os elementos da natureza e o ser humano. Todos somos um. Não há necessidade de correr, há – sim – necessidade de parar. Parar, ouvir e sentir.

   Não temas por mim. Não me sinto só. Preciso da solidão para saber quem sou.
            Um beijo, Miranda.

              (* imagem: quadro de Nuno Rodrigues, disponível em: www.pinturascomaboca.blogspot.com)